Os trabalhadores formais brasileiros completaram, em 2021, um período de três anos consecutivos sem ganho real de salário, aponta o boletim Salariômetro divulgado nesta quarta-feira (26) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
De acordo com o estudo, divulgado pela Folha de S. Paulo, o documento aponta que a variação mediana em 2021 ficou negativa em 0,1% e chegou a zero nos dois exercícios anteriores.
Na média do ano passado, apenas 18,6% dos acordos e convenções fechados culminaram em aumentos acima da inflação dos 12 meses anteriores aos da data-base. Em 2019, quase metade das negociações salariais resultaram em ganho real para os trabalhadores.
A reportagem ressalta, ainda, que o Salariômetro também registrou “um aumento nos acordos e convenções que previam o pagamento escalonado dos índices de reajuste”, além da fixação de um teto para os valores a serem acordados. Em dezembro, esta sistemática foi utilizada em 16,4% dos casos.
O piso dos salários encolheu 4,5% em 2021 em comparação com o ano anterior, ficando em R$ 1.332.
Cesta básica aumentou em todas as capitais
O valor da cesta básica aumentou em 2021 nas 17 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.
Segundo os dados, na comparação de dezembro de 2021 com o mesmo mês do ano anterior, as altas mais expressivas ocorreram em Curitiba (16,3%), Natal (15,42%), Recife (13,42%), Florianópolis (12,02%) e Campo Grande (11,26%). As menores taxas acumuladas foram as de Brasília (5,03%), Aracaju (5,49%) e Goiânia (5,93%).
A pesquisa mostrou que, de novembro para dezembro de 2021, o valor da cesta básica subiu em oito cidades, com destaque para Salvador (2,43%) e Belo Horizonte (1,71%). A redução mais importante foi registrada em Florianópolis (-2,95%).
Em dezembro de 2021, o maior custo da cesta foi o de São Paulo (R$ 690,51), seguido de Florianópolis (R$ 689,56) e Porto Alegre (R$ 682,90). Entre as cidades do Norte e Nordeste, localidades onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 478,05), João Pessoa (R$ 510,82) e Salvador (R$ 518,21).
Segundo as estimativas do Dieese, em dezembro de 2021, o salário-mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 5.800,98 o que representa 5,27 vezes o atual salário-mínimo, de R$ 1.100.
Em novembro, o mínimo necessário correspondeu a R$ 5.969,17 ou 5,43 vezes o piso vigente. Em dezembro de 2020, o salário-mínimo necessário foi de R$ 5.304,90, ou 5,08 vezes o piso em vigor, que equivalia a R$ 1.045,00.