No Brasil, Ministério da Saúde admitiu em documento à CPI da Covid que medicamentos como cloroquina, azitromicina, ivermectina, entre outros, defendidos por governistas, não têm eficácia contra a doença do novo coronavírus. (Foto: Divulgação)
No Brasil, Ministério da Saúde admitiu em documento à CPI da Covid que medicamentos como cloroquina, azitromicina, ivermectina, entre outros, defendidos por governistas, não têm eficácia contra a doença do novo coronavírus. (Foto: Divulgação)


Um estudo realizado pela Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, concluiu que a hidroxicloroquina pode ter efeitos adversos no genoma. A pesquisa será publicada na edição de outubro do periódico DNA Repair e foi destaque no site da Revista Galileu no Brasil.

A droga, amplamente defendida por profissionais de saúde e políticos brasileiros da base governista para o tratamento da covid-19, já era associada à cardiotoxicidade e a complicações oftalmológicas.

Utilizado para o tratamento de malária, artrite reumatoide e doenças autoimunes, o medicamento foi considerado uma alternativa no combate à covid-19 no início da pandemia. Atualmente, sabe-se que ele não é eficaz contra o Sars-CoV-2, como reconhece a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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“O debate em torno da hidroxicloroquina chamou a nossa atenção e percebemos que, embora ela seja usada em vários tratamentos, seus mecanismos exatos de ação ainda estão começando a ser compreendidos”, comenta, em nota, Ahmad Besaratinia, um dos autores do artigo e professor no Departamento de População e Ciências de Saúde Pública da Escola de Medicina Keck.

A investigação conduzida por Besaratinia mostra, pela primeira vez, que a hidroxicloroquina tem um potencial tóxico que pode atingir células de mamíferos, causando efeitos mutagênicos e danos ao DNA com doses administradas clinicamente. As descobertas são relevantes porque mutações induzidas por danos ao DNA, por exemplo, são capazes de resultar em doenças crônicas, incluindo o câncer.

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Os resultados foram obtidos a partir sistemas de cultura de células derivadas de células embrionárias de camundongos. “Enquanto muitos experimentos in vitro administram níveis altos e não realistas para testes com drogas, nós utilizamos doses terapêuticas que são realmente dadas aos pacientes”, destaca Besaratinia.

Como as dinâmicas de uma mesma substância podem variar de acordo com a espécie, os achados precisam ser validados por análises futuras. Apesar disso, as conclusões geram alertas relevantes sobre o uso da hidroxicloroquina sem uma avaliação completa dos seus possíveis danos e sinalizam a importância de informar voluntários de estudos clínicos sobre as eventuais consequências.

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Segundo Besaratinia, em uma situação na qual a hidroxicloroquina seja eficaz e a necessidade de um paciente pelo medicamento supere os riscos, faz sentido prescrever a droga. No caso de ensaios clínicos, porém, a história muda um pouco: tratam-se de voluntários saudáveis que precisam estar completamente cientes dos efeitos colaterais para tomar uma decisão bem embasada.