O estudante Alison dos Santos Rodrigues, de Cerqueira César, que teve a vaga de cotista negada pela Universidade de São Paulo (USP) por não ser considerado pardo pela banca julgadora, começou a frequentar o curso de Medicina da universidade nesta terça-feira (9).
A Justiça havia determinado um prazo para que a instituição efetivasse a matrícula do estudante, sob pena de multa de R$ 500 por dia. Ao G1, Alisson contou que está muito feliz e ansioso para iniciar as aulas.
“Ajudar as pessoas sempre foi meu sonho e agora que isso vai acontecer me sinto cada vez mais completo”, disse.
O jovem estudante disse ainda que vai aproveitar cada segundo. “Não existem palavras para representar o que estou sentindo de verdade, estou muito alegre por essa conquista, eu e minha família”, completa.
A universidade chegou a justificar a negativa da matrícula alegando que o estudante não possui o conjunto de características fenotípicas de uma pessoa negra. A universidade foi convocada pelo Tribunal de Justiça de SP (TJ-SP) a prestar esclarecimentos no processo que o estudante, de 18 anos, que se autodeclara como pardo, move para tentar efetivar a matrícula com base na lei de cotas.
Conforme a advogada que representa a família de Alison, Giulliane Jovitta Basseto Fittipald, a universidade informou que o candidato tem pele clara, boca e lábios afilados, cabelos raspados impedindo a identificação, não apresentando o conjunto de características fenotípicas de pessoa negra e, por isso, não pode usufruir de uma das vagas reservadas a pretos, pardos e indígenas.
Relembre o caso
Alison foi aprovado na primeira chamada do Provão Paulista no curso de medicina, porém, teve a matrícula cancelada após uma banca julgadora não o considerar como pardo. Ele recebeu a notícia em seu primeiro dia de aula, em 26 de fevereiro. Desde então, ele não acompanha as aulas.
A universidade teve o prazo de cinco dias úteis para apresentar a justificativa do cancelamento da matrícula ao recurso administrativo apresentado pelo Alison ao Conselho de Inclusão e Pertencimento. O processo correu pela 2ª vara da Justiça em Cerqueira César.
Ao G1, Alison contou que sempre se autodeclarou como pessoa parda.