Na tarde da última segunda-feira (31), foi colocado na cidade de Ourinhos um novo outdoor a respeito da gestão de Jair Bolsonaro (sem partido). Desta vez, a publicidade ressalta o fato de que o atual presidente da República não apoiou integralmente, em um primeiro momento, o auxílio emergencial durante o período da pandemia de covid-19.
O cartaz, que ainda lembra que o valor mais alto foi uma proposta da oposição do governo no Congresso Nacional, foi assinado pelo Grupo Ourinhos em defesa da vida contra o fascismo e também foi notícia em jornais locais.
Na época em que o projeto era discutido, Bolsonaro defendeu um auxílio de, no máximo, R$ 200. Durante a sessão da Câmara dos Deputados em que se debatia um aumento no valor para R$ 500, o presidente afirmou aceitar pagar R$ 600, valor final do projeto aprovado, diante da chance de sair derrotado.
O presidente inclusive publicou a respeito do assunto no mês de junho, quando deu a entender em sua conta oficial no Twitter que a proposta foi de sua gestão. “Com responsabilidade fiscal e apoio da liderança do governo na Câmara, o Ministério da Economia alcançou os R$ 600 pagos em 3 parcelas. O maior programa de auxílio aos mais necessitados do mundo!”, publicou.
No mesmo dia, ele foi rebatido pelo deputado federal Marcelo Aro (PP-MG), relator do projeto que culminou na criação do auxílio. “Presidente, isso não é verdade. Vamos contar a história real? Fui relator do projeto. Seu governo foi contra o meu relatório desde o primeiro momento. Vocês não admitiam um valor acima de R$ 200,00”, escreveu o deputado.
“Construí junto com sua base de apoio do centro e a oposição um texto com um valor de R$ 500,00. Somente quando viram que o projeto seria aprovado, mesmo com os votos do governo contrários, seu governo sugeriu construir um acordo. Não foi estudo”, completou o deputado, que ainda revelou que tudo foi decidido via telefone.
Nesta terça-feira (1) – dia em que o IBGE divulgou uma queda de 9,7% no PIB brasileiro no terceiro trimestre de 2020 – Bolsonaro anunciou, após reunião no Palácio da Alvorada, a extensão do auxílio emergencial por mais quatro parcelas. Por outro lado, o valor caiu pela metade e será de R$ 300 nesses últimos quatro pagamentos.
Vista em várias regiões do Brasil, a “guerra de outdoors” pró e contra a figura polarizadora de Bolsonaro foi notada também em Ourinhos durante a pandemia. A princípio, o Sindicato Rural do município instalou publicidades a favor da atual gestão federal e foi rebatido por outro outdoor, que responsabilizava o presidente pelas mais de 100 mil mortes pelo novo coronavírus no país.