Bolsonaro, Lula, Ciro e Doria surgem como os principais concorrentes à presidência neste ano após a desistência de Sergio Moro. (Foto: Reprodução)
Bolsonaro, Lula, Ciro e Doria surgem como os principais concorrentes à presidência neste ano após a desistência de Sergio Moro. (Foto: Reprodução)


Por Henrique Lucarelli

Em algum grau, o que vamos discutir neste artigo bem serve para a cidade de Fartura como para as demais que o Portal 014 cobre, em razão das proximidades geográfica, salvo as particularidades – presença de setor industrial, proximidade com a Represa de Chavantes e outros fatores. O que vamos escrever aqui é tão apenas uma análise dos resultados da eleição de 2018 à luz do ano eleitoral de 2022.

Nas últimas eleições gerais, aquela que elegemos presidente, governador, deputados e senadores, no primeiro turno, Fartura deu 47,4% a Jair Bolsonaro (atualmente no PL, na época no PSL), 18,3% a Geraldo Alckmin (atualmente no PSB, na época do PSDB), 16,3% a Fernando Haddad (PT) e 12,4% a Ciro Gomes (PDT). Em segundo turno, o resultado foi 67,8% para Bolsonaro e 32,2% para Haddad.

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A imagem mais óbvia é que a grande maioria dos simpatizantes de Ciro foram para Haddad e de Alckmin para Bolsonaro na segunda leva de votos. Ocorre que, neste ano, o xadrez político mudou um bocado. O PT retira Haddad e apresenta Lula como cabeça de chapa em uma aliança com o Geraldo Alckmin, o antigo governador estadual com grande prestígio, especialmente nas cidades do interior de São Paulo.

A pergunta que me surge na cabeça é como a população de Fartura, e da nossa região, vai se comportar frente à aliança. Geraldo vai fazer o dever de casa e conquistar apoio a sua chapa? Se a nossa região refletir as pesquisas nacionais, parece que há um “bolsonarismo envergonhado” que se afasta nos momentos de crise (interferência da PF, compra de vacina, rachadinha, o ‘bolsolão’ do MEC, inflação e desemprego), mas que, em poucos dias de calma, volta para a aba do atual presidente e assume o voto na reeleição. O que em tese dificultaria a tarefa de Alckmin.

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O caso é que essa eleição dificilmente vai repetir a anterior, especialmente para Bolsonaro, que não é mais um nome novo, seu oponente não é o pouco carismático Haddad, mas uma aliança de nomes muito conhecidos, e a crise social que enfrentamos não pode ser culpa dos antigos governos, afinal ele concorre à reeleição.

Nesse cenário, para onde vão jogar as forças locais? Não temos na cidade um diretório do PL para organizar a campanha de Bolsonaro. O PSDB, partido mais estruturado municipalmente, vai emendar uma campanha para João Doria – com pouco apelo popular até o momento. Como a população de Fartura vai agir frente ao passivo de Alckmin? E quem vai pedir voto para os progressistas?

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Parece que as lideranças políticas atuais de Fartura vão fazer um jogo de “vaca amarela”. Para escapar dessa bola dividida, não vão fazer campanha para presidente, falando o menos possível da disputa por esse cargo, fingindo que Fartura não fica no Brasil. Deixando a escolha desse voto a cargo da consciência individual, fugindo ao papel de direção e com receio de admitir o voto.

Contudo, na política não há vácuo; se um espaço se abrir, ou seja, se os líderes se abstiverem de se manifestar, uma lacuna aparece e pode ser ocupada por novos personagens. E talvez essa seja a grande novidade das eleições de 2022 para Fartura e região.


Henrique Lucarelli é professor e mestre em História pela Unicamp.



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