Segundo publicação do morador Marcos Furtado nas redes sociais, o nível da represa está baixando 'uns 30 cm por dia'. (Foto: Reprodução/Facebook)
Segundo publicação do morador Marcos Furtado nas redes sociais, o nível da represa está baixando 'uns 30 cm por dia'. (Foto: Reprodução/Facebook)


Dias após a multinacional chinesa CTG Brasil anunciar que aumentaria a vazão do reservatório de Chavantes para compensar o baixo nível da represa de Jurumirim, o primeiro volume de água apresentou uma queda expressiva, enquanto o segundo ainda permanece com menos de 15% de sua capacidade, segundo dados mais recentes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Nos últimos dias, o volume da represa de Chavantes (que divide os estados de SP e PR) caiu de 21,94% para 15,59% e se aproxima de ter um índice semelhante ao do reservatório de Jurumirim. Pertencente à mesma bacia, a do Paranapanema, a represa que banha as cidades da região de Avaré é motivo de preocupação há algum tempo por parte de moradores e trabalhadores. Há também a represa de Capivara, que vive uma situação ainda mais delicada, e que viu o nível da água subir de 5,59% para 7,08% desde então.

Nível dos reservatórios da Bacia do Paranapanema na última segunda (7), à esquerda, e na última quarta (9), à direita. (Foto: Reprodução/ONS)

O Conselho Municipal de Turismo (Comtur) de Fartura lançou recentemente uma campanha para questionar a forma como a multinacional chinesa CTG Brasil tem atuado na gestão do nível da água da represa de Chavantes. O ponto de partida da campanha #AngraDocePedeSocorro foi uma entrevista do representante da CTG Brasil, Marcio Peres, à Rádio Avaré, na qual ele revela que a vazão da represa de Chavantes foi significativamente aumentada recentemente para compensar o nível ainda mais baixo do reservatório de Jurumirim.

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Marcio Peres explicou que a usina de Jurumirim é parte de uma cadeia de usinas que nos últimos três anos “tem enfrentado uma crise hídrica nunca vista antes” – sem citar, entretanto, as mudanças climáticas pelas quais o Brasil e o mundo passam. Peres comentou sobre a criação da Sala de Crise do Paranapanema e a atuação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da Agência Nacional de Águas (ANA) e de órgãos ambientais no comitê, que têm se reunido quase toda semana. Em determinado momento da entrevista, porém, o representante da concessionária revelou a mudança da vazão de Chavantes de 140m³/s para 900m³/s, o que diminuirá ainda mais o nível da água desta represa. Essa medida, segundo Peres, seria para equilibrar os reservatórios, uma vez que ao mesmo tempo Jurumirim teve a sua vazão reduzida.

“Isso é muito prejudicial para o nosso meio ambiente, nossa agricultura e o turismo”, diz o Comtur Fartura em texto publicado nas redes sociais. “Permitir o aumento da vazão neste momento, diminuindo ainda mais o volume, acarretará um prejuízo sem precedentes para toda a população e a quebra das economias locais, que ainda são basicamente agrícolas.”

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O objetivo da campanha do órgão farturense é angariar o máximo de assinaturas possível para dar visibilidade regional e também nacional à situação, que tem afetado os setores de Turismo de um grande número de municípios localizados no sudoeste de SP e no norte do PR. Clique aqui para saber mais sobre a iniciativa.

Represa de Jurumirim, em Avaré. (Foto: Reprodução/TV Tem)

Nível de Jurumirim é o mais baixo desde 2014

O nível da represa de Jurumirim é o mais baixo neste ano desde 2014, segundo informações da Agência Nacional de Águas (ANA), divulgadas nesta semana pelo Portal G1. De acordo com o órgão, a média de armazenamento do reservatório nesta época do ano é de 45%, mas o volume atual está com 14,03% – três dias atrás, estava em 14,89%.

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Uma reunião virtual da Sala de Crise do Parananapenama para discutir ações para tentar diminuir o impacto causado pela baixa do nível do reservatório vai ser realizada na tarde desta quinta-feira (10). Vão participar desse encontro representantes de prefeituras de diversas cidades da região de Avaré e também do Paraná, além de representantes da Agência Nacional das Águas, Agência Nacional de Energia Elétrica, Operador Nacional do Sistema, Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado, e também equipes da Cetesb.

Não é de hoje que habitantes da região têm reclamado das condições dos reservatórios operados pela CTG Brasil. Em fevereiro de 2019, o volume útil da represa de Jurumirim estava em um nível ainda mais crítico (12,72%), o mais baixo dos últimos 25 anos. A Promotoria de Justiça de Itaí chegou inclusive a instaurar recentemente um procedimento para averiguar as causas do baixo nível da água do reservatório.