Docentes poderão ter a função de revisar o material feito por inteligência artificial. (Foto: Sergio Barzaghi/Educação SP)
Docentes poderão ter a função de revisar o material feito por inteligência artificial. (Foto: Sergio Barzaghi/Educação SP)


O Governo do Estado de São Paulo deverá substituir os professores responsáveis por produzir os materiais didáticos digitais aos alunos que estão no período final do Ensino Médio pelo ChatGPT, famosa ferramenta de inteligência artificial.

A informação foi dada em primeira mão pela Folha de S. Paulo e confirmada pela equipe de reportagem da BandNews FM, sobre a possível troca dos professores curriculistas – especializados na elaboração de conteúdos e materiais didáticos digitais.

Com a mudança, os docentes passarão a ter a função de apenas vistoriar o conteúdo produzido pela inteligência artificial.

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Em resposta, a assessoria do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmou a intenção de realizar a troca, mas se trata de um projeto piloto para implementar a inteligência artificial como uma das etapas do processo de atualização e aprimoramento de aulas do 3º bimestre nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

O governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos). (Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP)
O governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos). (Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP)

Ainda segundo o Palácio dos Bandeirantes, a mudança ocorrerá apenas no “fluxo editorial”, ou seja, na criação do conteúdo que passará a ser feito por uma plataforma digital, mas que ainda passará por avaliação e edição dos professores curriculistas em duas etapas diferentes.

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Ao final, se o material produzido pelo ChatGPT estiver dentro dos padrões pedagógicos, haverá a disponibilização aos alunos da rede estadual de ensino.

Questionado, o governo estadual ressaltou que continuará com toda a base de 90 professores curriculistas e que não haverá desligamentos em razão da inclusão do ChatGPT no trâmite de produção de aulas digitais. A notícia, que viralizou nesta semana, foi bastante criticada pela oposição.

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Ministério Público cobra explicações

A Folha de S. Paulo publicou, nesta quinta (18), que o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) cobrou explicações da gestão Tarcísio sobre o uso da ferramenta ChatGPT na produção de aulas digitais que serão distribuídas às escolas estaduais de São Paulo.

No procedimento administrativo, o promotor Bruno Orsini Simonetti diz que “exsurge a necessidade” de explicações sobre a decisão de substituir os professores que faziam a produção desse material didático pela ferramenta de inteligência artificial.

Desde setembro do ano passado, o promotor faz diligências para apurar a entrada de tecnologias e plataformas na rede estadual paulista. Conforme mostrou a Folha, desde que assumiu a Secretaria de Educação, Renato Feder, que é empresário do setor de tecnologia, tem promovido uma digitalização do ensino.

O ChatGPT é uma inteligência artificial da OpenAI. (Foto: Divulgação)

Simonetti pediu à secretaria que explique de que forma será empregada, seu funcionamento e a finalidade pedagógica que busca satisfazer com o uso do ChatGPT na produção das aulas. Também cobrou que sejam indicados estudos ou pesquisas que sustentem a decisão.

“Esclareça se foram realizados estudos prévios a respeito de evidências científicas ou experiências bem-sucedidas em âmbito nacional e internacional a respeito do uso de referida ferramenta de inteligência artificial”, diz o documento. O promotor pede ainda que, caso a decisão tenha sido fundamentada com estudos que eles sejam apresentados.

Ele também pediu à secretaria para informar quais materiais didáticos serão elaborados com inteligência artificial e se alguma empresa foi contratada pelo governo estadual para prestar esse serviço.

O promotor também agendou uma reunião com os responsáveis pela Coped (Coordenadoria Pedagógica), área da secretaria que cuida da produção das aulas digitais, e da Citem (Coordenadoria de Informação, Tecnologia, Evidências e Matrícula) para que “apresentem a rotina de produção do material didático atual e as modificações pelas quais passará a partir da introdução de inteligência artificial”.