
Após a vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar, um projeto de lei foi apresentado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para mudar o nome da Rodovia Castello Branco (SP-280) para Rodovia Eunice Paiva, nome da advogada de direitos humanos, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, cuja história é contada no filme de Walter Salles.
O projeto de lei 161/2025, de autoria do deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) defende que Eunice, nascida em São Paulo, “foi uma figura emblemática na luta pelos direitos humanos e pela justiça no Brasil”, ao contrário do ex-presidente Humberto Castelo Branco, que nomeia a rodovia atualmente (na sinalização oficial estadual com a grafia “Castello Branco”), um dos articuladores do golpe militar de 1964.
O texto do projeto argumenta que há a necessidade de renomear espaços públicos, como rodovias, parques e escolas, por exemplo, que “homenageiam personalidades históricas que se destacaram pela perseguição a minorias e pela violência, uma vez que tais homenagens ferem os princípios de liberdade democrática do país, estabelecidos na Constituição Federal de 1988.”
“O legado de Eunice permanece como símbolo de resistência e inspiração para as gerações futuras, provando que a dignidade humana está acima de qualquer poder arbitrário. Sua história nos ensina que, mesmo diante da violência do Estado, a busca pela verdade e pela justiça é um compromisso que deve ser honrado”, diz o texto do projeto.

A história de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado e torturado pelos militares, foi retratada em Ainda Estou Aqui, que venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional. O longa dirigido por Walter Salles, que concorreu também como Melhor Filme, é baseado em um livro do jornalista Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens, e rendeu a primeira estatueta da história ao Brasil. Eunice foi interpretada por Fernanda Torres, que concorreu ainda como Melhor Atriz.
Humberto de Alencar Castello Branco, que dá nome à rodovia, foi um militar e político brasileiro. Foi o 26º presidente do Brasil, o primeiro do período da ditadura militar, tendo sido um dos intermediários do golpe militar de 1964. A SP-280 é hoje uma importante ligação entre a capital São Paulo e várias regiões do interior do estado.
