A segunda fase da Operação Falsus cumpriu na manhã desta terça-feira (26) 35 mandados de busca e 11 mandados de prisão em nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. A Polícia Civil da comarca de Presidente Prudente (SP) investiga um grupo criminoso suspeito de desviar mais de R$ 10 milhões em cargas de grãos em Iepê (SP).
Conforme a corporação, o grupo teria sido criado para subtrair cargas de alto valor, mediante falsas contratações de frete e posteriores falsificações de boletins de ocorrência. As cargas, na maioria das vezes, eram de trigo, farinha e soja em grãos.
Dentre os investigados estão duas advogadas, moradoras de Assis (SP), que atuavam no grupo criminoso e passaram a ser investigadas por lavagem de dinheiro e por integrar uma organização criminosa.
Na manhã desta terça-feira, os mandados foram cumpridos nos municípios de Campo Grande (MS), Chapadão do Sul (MS), Londrina (PR), Ipaussu (SP), Itapeva (SP), Santa Cruz do Rio Pardo (SP), Taquarituba (SP), Itaberá (SP), Fartura (SP) e Assis.
O crime
O grupo, após identificar uma carga de interesse numa plataforma online de frete, cadastrava motoristas e caminhões da organização criminosa na plataforma.
Após ter a posse da carga de grãos, simulavam que os caminhões e cargas haviam sidos roubados nas estradas paulistas, apresentando as empresas vítimas falsos Boletins de Ocorrência “com o propósito de ocultar os desvios desses grãos, encaminhando em seguida essas cargas a diversas empresas receptoras”.
As investigações começaram no dia 10 de junho de 2023 em Iepê (SP), após dois motoristas se apresentaram junto a uma empresa local, onde carregaram os seus caminhões com 38 toneladas de soja em grão cada um, porém a carga não chegou no destino final, que seria Osvaldo Cruz (SP).
Além desse desvio, o grupo criminoso teria praticado outras duas subtrações de grão em 2013 na comarca de Iepê, que tinham como destino final o Terminal Portuário de Santos. Desde então, foram desviados mais de 40 cargas de grão, provocando um prejuízo estimado em cerca de R$ 10 milhões.
O grupo teria pelo menos dez motoristas que usavam veículos dos líderes do esquema criminoso.
Ao todo, 19 pessoas foram denunciadas e passaram a serem réus pelos crimes de furto qualificado pela fraude, uso de documento falso, lavagem de dinheiro e por integrarem organização criminosa.
Também são objetos de busca e apreensão quatro empresas de grãos que ficam situadas no Estado de São Paulo que podem terem receptado as cargas subtraídas.
Foram identificados desvios de cargas de alto valor nos municípios de Iepê, Nantes (SP), Assis (SP), Cruzália (SP), Araras (SP), Cândido Mota (SP), Santo André (SP), Borborema (SP), Itapetininga (SP), Campinas (SP), Maracaí (SP), Guaíra (SP), Santópolis do Aguapeí (SP), São Paulo (SP), Jataí (GO), além de inúmeros outros desvios nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná.
Participam da operação 150 Policiais Civis e 34 viaturas, além de Policiais Civis do Estado do Mato Grosso do Sul e Paraná.
Primeira fase
A primeira fase da operação foi realizada no dia 5 de março, quando a Polícia Civil cumpriu dez mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão temporária nos estados de São Paulo, Paraná e Pará. No Oeste Paulista, as medidas judiciais foram cumpridas em Presidente Prudente (SP).