Recentemente, a Conab reduziu a estimativa para produção de grãos da safra 2021/2022. (Foto: CNA/Wenderson Araujo/Trilux)
Recentemente, a Conab reduziu a estimativa para produção de grãos da safra 2021/2022. (Foto: CNA/Wenderson Araujo/Trilux)


O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta-feira (16) que o agronegócio paulista, em 2021, aumentou em 9,5% suas exportações em relação a 2020, exportando um total de US$ 18,9 bilhões no ano. As importações também aumentaram em 10,6%, o que representa um valor de US$ 4,5 bilhões. Em 2020, a produção do agronegócio em SP foi de R$ 92 bilhões, enquanto em 2021 foi de R$ 122 bilhões, um crescimento de 26%.

De acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o saldo da Balança Comercial Paulista foi de US$ 14,3 bilhões, 9,1% superior a 2020.

Os cinco principais setores na exportação do agronegócio estadual foram o sucroalcooleiro (US$ 6,5 bilhões), soja (US$ 2,57 bilhões), carnes (US$ 2,53 bilhões), produtos florestais (US$ 1,6 bilhões) e sucos (US$ 1,5 bilhões), que representam 78,5% das exportações setoriais paulistas em 2021. Os principais países importadores dos produtos agropecuários paulistas foram China, Estados Unidos e União Europeia.

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De acordo com pesquisadores do IEA, o setor sucroalcooleiro teve uma variação positiva de 0,5% em relação a 2020, sendo o que açúcar representou 86,4% do montante exportado e o álcool 13,6%. Já o setor da soja teve crescimento de 24,4% em 2021, sendo que 84,8% das exportações foram de soja em grãos.

No caso do setor de carnes, houve um crescimento de 24,4% das exportações em relação a 2020, sendo que a carne bovina representou 85,4% das vendas internacionais. Foi constatado ainda um aumento de 9,4% das exportações de produtos florestais e de 14% no setor de sucos. O setor de café, tradicional produtor do agronegócio paulista, ficou na sexta posição, com exportação de US$ 708,4 milhões em 2021, uma alta de 15,7% em relação a 2020.

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Exportação de alimentos e o aumento dos preços nos mercados

O Brasil é o segundo país da lista dos que mais exportam alimentos. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), o país atende 800 milhões de pessoas em todo o mundo. Há pesquisas que indicam que o Brasil pode ultrapassar o primeiro colocado dessa lista, os Estados Unidos, daqui a cerca de cinco anos.

Apesar disso, nosso país tem, em sua zona rural, 75,2% dos domicílios em situação de insegurança alimentar. O termo diz respeito não só à falta de alimentos, mas também a uma dieta menos nutritiva que, em geral, é mais barata.

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Além da seca e da alta de combustíveis e da luz, de acordo com informações da economista Nath Finanças publicadas no jornal Extra, a exportação é um fator que pesa no aumento dos preços dos alimentos. A coluna da economista, em publicação do final do ano passado, lembra do coordenador da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), que pesquisa segurança alimentar, que disse em uma entrevista que o sistema alimentar no mundo é desigual. “E ele é mesmo”, escreveu a colunista.

“Após avanços tecnológicos na agricultura e na pecuária, a falta de alimento não se dá por escassez, mas pela desigualdade dessa divisão, pela má administração. Só se alimenta no mundo quem pode pagar por esse alimento. E o pior: quem pode pagar um valor alto”, completou.

Desde 2017, o Brasil voltou a apresentar taxas de fome consideradas absurdas, cerca de 5,8%. O mapa da fome considera um país em estado crítico quando ele apresenta índices a partir de 5%. Um relatório produzido pela Rede Penssan relatou que quase 20 milhões de brasileiros afirmam que passam períodos de 24 horas sem ter o que comer.