Municípios paulistas que fazem parte da histórica rota poderão fazer parcerias com entidades públicas. (Foto: Divulgação)
Municípios paulistas que fazem parte da histórica rota poderão fazer parcerias com entidades públicas. (Foto: Divulgação)


Com o objetivo de divulgar, identificar e desenvolver projetos, ações e estudos sobre a rota indígena milenar que atravessa o Estado de São Paulo, o Paraná e o Peru; a Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo (Setur-SP) mobilizou nesta semana, em uma reunião híbrida, representantes de 25 municípios paulistas que serviram de roteiro para o lendário Caminho do Peabiru, que atravessa o continente sul-americano, ligando o Oceano Atlântico ao Pacífico e demais interessados.

A reunião tem o objetivo reunir novos parceiros para avançar com o turismo cultural no Estado de São Paulo, resgatando o legado histórico de índios guaranis, kaingang e xetá, além de incas e colonizadores, que deixaram suas marcas no local.

“A missão é valorizar o patrimônio material e imaterial destas civilizações antigas e criar uma nova oferta turística cultural, com atrações históricas, de aventuras e contemplação”, afirma o secretário Roberto de Lucena, da Setur-SP. 

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A primeira ação de apoio ao Peabiru aconteceu no dia 21 de junho, quando a Setur-SP assinou um protocolo de intenções com a Associação Dákila Pesquisas para mapear a rota transcontinental e direcionar ações de sensibilização e divulgação do destino. O novo encontro, segundo os organizadores, amplia a visibilidade da ação e reúne novos parceiros, viabilizando o roteiro por todo o Estado de São Paulo. Em setembro, a pasta inicia uma aproximação com o Paraná, que também desenvolve projetos para o desenvolvimento do Caminho do Peabiru.

Trilha que passaria por quatro países da América do Sul é motivo de histórias e lendas. (Foto: Divulgação)

A maior parte do caminho original desapareceu, consumido pela natureza ou transformado em rodovias ao longo dos séculos. Interessados afirmam que, somente nos últimos anos, a rota começou a revelar seus mistérios para o público, graças ao desenvolvimento de novos passeios turísticos. Em trajeto cercado de histórias, lendas e aventuras, conta-se que o Caminho do Peabiru partia de São Vicente, cruzava a capital e seguia na direção de Sorocaba, na região da Cuesta de Botucatu, desembocando às margens do Rio Paranapanema. 

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Em Guarani, Peabiru significa “que leva ao céu”, um conjunto de cerca de três mil quilômetros de trilhas criadas há milhares de anos. Historicamente, a rota transcontinental teria sido usada de forma religiosa e adotada pelos europeus, em busca de ouro e prata.

Polêmicas e fake news

Em 2022, o nome Dákila Pesquisas foi envolvido em uma notícia falsa que viralizou no país, na qual era afirmada a existência de uma “cidade perdida” chamada Ratanabá, na Amazônia.

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O UOL, na época, publicou que o discurso da empresa, sem embasamento em estudos arqueológicos e geológicos, apontava a suposta Ratanabá como uma cidade na região amazônica que teria sido “a capital do mundo” há 450 milhões de anos, e que foi construída pelos “muril”, denominada como a “primeira civilização da Terra”.

No entanto, não há registro de ancestrais humanos há 450 milhões de anos, e menos ainda na Amazônia, de acordo com o professor do Laboratório de Arqueologia dos Trópicos do MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia) da USP, Eduardo Góes Neves, ao site.

Nas redes sociais da Dákila Pesquisas, na ocasião, era possível identificar outras teorias conspiratórias e desinformações como a defesa da terra plana e o uso da cloroquina contra Covid-19. O UOL informou ainda que o seu fundador, Urandir Fernandes de Oliveira, é conhecido como “criador do ET Bilu”.

Teoria sobre 'cidade soterrada' na Amazônia circulou em 2022. (Foto: Reprodução/UOL)
Teoria sobre ‘cidade soterrada’ na Amazônia circulou em 2022. (Foto: Reprodução/UOL)