As urnas farturenses em 2020 pediram uma mudança na administração. (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)
As urnas farturenses em 2020 pediram uma mudança na administração. (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)


Por Henrique Lucarelli

Neste domingo (15), mesmo enfrentando a pior crise sanitária da nossa geração, eleitores e eleitoras foram aos colégios eleitorais depositar os seus votos na urna eletrônica. Em nossa cidade, Fartura, os moradores tiveram a sua disposição três candidaturas para o cargo de prefeito(a), cada uma com suas particularidades de trajetória, porém com muitas semelhanças no campo partidário.

As legendas das candidaturas que encabeçavam as chapas para o executivo estavam todas no mesmo campo da política nacional: a centro-direita. O que deixou as campanhas sem nenhuma promessa de mudança estrutural. Portanto, alguém que fosse às urnas com um sonho de transformação profunda teria dificuldade de escolher seu candidato.

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Rivais na cidade farturense, mas aliados em potencial no cenário estadual e nacional, os partidos tinham que estruturar suas campanhas em outras particularidades. Quem melhor leu esse cenário foi o PSDB, que sai dessas eleições mais robusto e fortalecido.

A aliança com o PDT e a renovação do quadro do partido fizeram com que o PSDB saísse mais forte destas eleições. (Foto: Divulgação/Luciano Filé)

Conquistando uma boa diferença em relação aos segundos colocados, os tucanos apostaram em renovação do quadro interno e na aliança com o refundado PDT, dois elementos de vantagem em relação aos demais concorrentes. Pode não ser uma grande transformação, mas ainda sim uma mudança que os demais não conseguiram fazer.

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Sustenta essa tese o quadro de vereadores e vereadoras que formarão a futura base de governo, com apenas uma reeleição – os demais são todos de primeiro mandato e são jovens. A ascensão de Filé deixa uma lição; que a reciclagem interna é fundamental, e que a dificuldade da principal coligação de oposição de encontrar um herdeiro político ao antigo prefeito Zé da Costa (DEM) atrasou a campanha. Enquanto um buscava consolidar seu nome, os outros ainda seguiram por muito tempo se perguntando “quem?”. E o mesmo aconteceu com a candidatura apoiada pelo atual prefeito Tinho Bortotti (PSB), que vacilou durante muito tempo com o nome de Pedro do Posto (Cidadania).

A aliança com a centro-esquerda também pesou nesse cálculo. O PSDB é um partido antigo na cidade, enraizado e tradicional, e o PDT foi recentemente reestruturado. A coligação sem dúvida movimentou e trouxe votos dos progressistas, jovens e pessoas ligadas às questões sociais, representadas, por exemplo, nos 338 votos que recebeu Patrícia Braga, que formaram a diferença necessária para consolidar a vitória, mesmo que a pedetista não tenha sido eleita.

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Por fim, essa foi a terceira vitória consecutiva dos tucanos, considerando que Tinho estava no PSDB nas eleições de 2012 e 2016, e mostra que a queda de braço entre vermelhos e amarelos deixou de ser competitiva. A cidade fica assim em um suspenso sobre o futuro. Será que podemos esperar uma renovação mais significativa, inclusive nos métodos administrativos, representada por essas mudanças? Ou, quando a poeira baixar, voltaremos para o antigo e criminoso: “aos amigos tudo, aos inimigos a lei?”


Henrique Lucarelli é professor e mestre em História pela Unicamp



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