A mais recente morte em decorrência do novo coronavírus em Piraju, a quinta registrada na cidade, revoltou os familiares da paciente, segundo reportagem do Minuto do Amorim divulgada nesta segunda-feira (31).
A mulher de 69 anos, que perdeu a vida para a doença na madrugada da última sexta-feira (28), passou por um teste rápido que apontou erroneamente que ela não possuía anticorpos do vírus no corpo, foi diagnosticada com tuberculose, não ficou isolada na ala reservada para infectados pela covid-19 e, após o óbito, ainda foi velada e sepultada sem restrições.
Ao dar entrada no hospital, na tarde de terça-feira (25), a paciente estava com suspeita de pneumonia, mas foi diagnosticada com tuberculose após exame pulmonar e permaneceu em uma ala cujo acesso da família era liberado. Ela passou por um teste rápido (sorológico) para detecção da covid-19, que deu negativo – o exame que detecta anticorpos no organismo é indicado pelo menos oito dias após o início dos sintomas e, segundo a Anvisa, a utilização desses testes rápidos antes desse período pode levar a resultados negativos mesmo nas pessoas que possuem o vírus e produziram anticorpos, sendo, portanto, um resultado “falso negativo”.
Após agravamento do quadro e complicações no pulmão, a equipe médica decidiu então fazer na última quinta-feira (27) um novo teste, desta vez o RT-PCR, como contraprova. Esse exame, coletado com o auxílio de uma haste flexível especial (chamada de swab), identifica fragmentos do vírus Sars-Cov-2 no corpo e é considerado o padrão-ouro no diagnóstico da doença causada pelo novo coronavírus.
No início da madrugada de sexta (28), a paciente veio a óbito. De acordo com a reportagem, como o resultado do exame ainda não estava pronto, o velório e o sepultamento não tiveram restrições. No dia seguinte, sábado (29), o hospital foi notificado do resultado do segundo teste: positivo para a covid-19. A administração municipal, então, confirmou de forma oficial a morte em decorrência do vírus.
Questionada pelo jornalista Cristiano Amorim sobre o motivo da paciente não ter permanecido na área isolada para tratamento da covid-19, a instituição de saúde informou que, em decorrência do resultado negativo do primeiro teste, a equipe médica – que até aquele momento trabalhava com a informação de que a paciente não possuía o vírus no corpo – não transferiu a mulher para a área especial para que não fosse infectada. Sanitaristas ouvidos pelo jornalista afirmaram que o procedimento adotado foi adequado.
Entretanto, uma parente da paciente publicou nas redes sociais acusações contra o protocolo adotado pelo hospital pirajuense. Segundo a neta da mulher, Beatriz Silva, a avó ficou internada por três dias em um quarto normal, sem isolamento, porque não era considerada suspeita de ter covid-19. “Como pode isso? Por que não nos avisaram que esse poderia ser o quadro?”, indagou Beatriz. “Queremos resposta! Todos nós corremos risco. Muita gente foi ao velório.”
Também nas redes sociais, o médico Carlos Alberto Benini, presidente da Comissão de Ética da Sociedade de Beneficência de Piraju, disse que “a paciente foi atendida e internada no isolamento da enfermaria pelo médico plantonista da clínica médica do dia”, e que o hospital “deu toda assistência e possibilidades possíveis para que a paciente fosse adequadamente tratada.” De acordo com Benini, o hospital não pode ser acusado de nenhuma falha na condução do caso. O médico informou ainda que a médica responsável por atender as demandas de internação por covid-19 não atuou no atendimento da idosa e que uma sindicância será aberta para apurar o que ocorreu.
A família recebeu nesta segunda-feira (31) o laudo com detalhes a respeito do óbito. Por terem tido contato com a mulher de 69 anos, eles terão de fazer isolamento domiciliar pelos próximos 14 dias e comunicar o Polo Covid-19 de Piraju em caso de quaisquer sintomas.
Assista abaixo à reportagem do Minuto do Amorim: