A jararaca é responsável por boa parte dos acidentes com animais silvestres. (Foto: Flickr/Márcio Cabral de Moura)
A jararaca é responsável por boa parte dos acidentes com animais silvestres. (Foto: Flickr/Márcio Cabral de Moura)


Dependendo da localidade de sua residência e das regiões onde você costuma transitar, encontrar um animal silvestre pode ser algo rotineiro ou inusitado. Mas se você já se deparou com um animal deste tipo, provavelmente se perguntou o que deveria fazer. O mais importante nesta situação é ter o mínimo de interação possível com o bicho.

Em primeiro lugar, ligue para a Polícia Ambiental, o Centro de Controle de Zoonoses do seu município, o corpo de bombeiros ou a Secretaria Municipal de Saúde. Estes órgãos sabem como proceder garantindo a segurança de todos – tanto da pessoa que encontra quanto do animal em questão. Os órgãos responsáveis vão decidir se devem fazer a soltura em um local apropriado ou trazer ao Instituto Butantan. O instituto não retira os animais nos lugares onde foram encontrados.

Não é recomendável tentar capturar o bicho, já que isso pode provocar acidentes por envenenamento, por exemplo. Vale ressaltar que é obrigatório ter autorização para capturar e transportar animais silvestres. Por isso, a conduta adequada é sempre solicitar ajuda a um órgão público do município que trabalhe no controle de endemias.

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Após chegarem ao instituto, os bichos são cadastrados e encaminhados para o destino apropriado, que pode ser um laboratório, museu ou biotério. Saiba mais a seguir:

Répteis 

Apesar de, vez ou outra, receber jabutis, tartarugas e lagartos, os principais répteis de interesse para o Butantan são as serpentes. Ao encontrar uma cobra, a pessoa deve se afastar imediatamente. “As serpentes não têm tendência a atacar se não se sentirem ameaçadas”, afirma o pesquisador científico do Laboratório de Herpetologia do Instituto Butantan Sávio Stefanini Sant’Anna.

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Se o animal estiver dentro de casa, oferecendo perigo aos moradores, e não for possível se afastar, em último caso a pessoa pode tentar colocá-lo para fora com o auxílio de uma vassoura. Caso esteja caminhando em uma área rural ao se deparar com uma serpente, o pesquisador recomenda que o indivíduo desvie e siga outro rumo. “Se conseguir tirar uma fotografia, pode ser interessante para ajudar a identificar o animal. Isso é especialmente importante em caso de acidentes, para levar a foto ao hospital”, diz Sávio.

O Instituto Butantan tem preferência por receber animais vivos, mas espécimes mortos também podem ser entregues para fins de estudos, embora não seja recomendado matar os animais. De acordo com o pesquisador, o foco é receber animais peçonhentos, para extração de venenos, produção de soros e pesquisa. “Geralmente, recebemos muitas jararacas e cascavéis, mas chegamos a receber também serpentes não peçonhentas, como a falsa coral e a dormideira. No caso dos lagartos, Sávio explica que eles não oferecem perigo, pois não são venenosos: “Deixe o bicho onde está, não é preciso providenciar sua captura”.

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Artrópodes

No filo dos artrópodes, os aracnídeos e os insetos são as classes mais acolhidas pelo instituto. Assim como acontece com as serpentes, ao encontrar aranhas e escorpiões, o ideal é acionar o Centro de Controle de Zoonoses ou o corpo de bombeiros, para não correr o risco de ser picado, mesmo que seja dentro de casa. “De preferência, não mate, principalmente se não tiver experiência com estes animais, e chame um órgão público responsável”, aconselha a assistente técnica de pesquisa do Biotério de Artrópodes do Instituto Butantan Denise Maria Candido.

Os escorpiões já são considerados pragas urbanas, porque se proliferaram nas cidades. “Temos aproximadamente 140 espécies de escorpião no Brasil, e apenas quatro são perigosas. Três delas existem em São Paulo e duas são muito frequentes na região”, afirma Denise, que é bióloga. Ao se deparar com estes animais, é melhor não arriscar. Se possível, não mexa neles.

A assistente técnica de pesquisa ainda alerta para outra espécie que não deve ser tocada: a lonomia, uma lagarta de corpo marrom, espinhos em forma de pinheirinho verde e manchas brancas no dorso. “O contato com a lonomia pode causar problemas sérios, como hemorragia”. Para reduzir os danos, é essencial a administração precoce do soro antilonômico.

Ao chegarem ao Butantan e serem identificados, os animais de interesse em saúde vão para o biotério e são mantidos para extração de venenos e produção de soros. As outras espécies podem ir para o laboratório de coleção científica, com o objetivo de estudo e também didáticos, e alguns deles ficam expostos no Museu Biológico do instituto.