Um relatório que analisa o perfil socioeconômico dos cerca de 18 mil candidatos aprovados no vestibular do primeiro semestre de 2021 apontou mudanças positivas em relação aos dados do mesmo período de 2020. As mulheres foram destaque nessa edição do processo seletivo das Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs), que atingiu um recorde em presença feminina.
O número de candidatas cresceu significativamente, acima de dez pontos percentuais, passando para 47,83%, contra 33,12%, no primeiro semestre do ano passado. Ao atingir praticamente a metade do contingente de concorrentes, elas cravaram o maior índice histórico de mulheres aprovadas nas Fatecs. O levantamento foi realizado pela Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), instituição responsável pelos processos seletivos das unidades de Centro Paula Souza (CPS).
Outro aumento que chama a atenção é o de aprovados com mais idade, embora o maior público continue sendo o de jovens de 18 a 28 anos, que representa 48,81 % neste semestre. Passou de 17% para 25 % o percentual de estudantes com idade entre 29 e 40 anos, comparado ao mesmo período do ano anterior. Acredita-se que o processo seletivo por meio de análise do histórico escolar, sem a realização de prova presencial, atraiu mais candidatos maduros.
Rafael Ferreira Alves, coordenador da Unidade do Ensino Superior (Cesu), afirma que “é marcante a inserção de mulheres de forma gradativa na procura pelos cursos superiores de tecnologia nos diferentes eixos tecnológicos, talvez em razão da alta demanda pela educação profissional e tecnológica para atualização da formação acadêmica em cursos superiores de graduação e a rápida inserção no mercado de trabalho”.
Consolidando as ações afirmativas do CPS, cresceu também a quantidade de estudantes autodeclarados afrodescendentes (de 29,54% para 32,72%) e os que fizeram o Ensino Médio integralmente em escola pública (de 79,12% para 89,13%). A política de inclusão do CPS estabelece uma pontuação acrescida à nota final do candidato, de 3% para afrodescendentes e de 10% para alunos de escolas públicas. Esses percentuais podem ser de 13 % para quem atender os dois critérios. “Entende-se que o aumento se deu de forma linear, em função da maior abrangência de um Vestibular remoto e com análise do histórico escolar”, avalia Alves.
Vários indicadores do relatório socioeconômico apontaram que a nova leva de calouros vem de um cenário de recrudescimento econômico, com consequente intensificação da desigualdade. Entre os aprovados, 89,6% têm renda familiar de até 5 salários mínimos – dos quais quase 70% têm renda familiar de até 3 salários mínimos. O Ensino Superior Tecnológico pode contribuir para reverter essa trajetória dos jovens, destaca Alves, por meio do acesso à educação superior pública e de qualidade, mais especificamente na educação profissional e tecnológica, beneficiando-se da taxa de empregabilidade gerada por esses cursos.
Em tempos de aulas remotas, o relatório traz um dado altamente relevante: 99% dos aprovados têm conexão à internet em casa. Essa será uma ferramenta fundamental não apenas para a continuidade dos estudos, mas para o novo normal no mundo do trabalho pós-pandemia. Por isso, o novo ano letivo que se inicia vai manter a ênfase nas atividades pedagógicas online. Não apenas para cumprir os protocolos de segurança sanitária, mas também para reforçar as práticas didáticas digitais que vêm tendo bons resultados nas Fatecs.