Um motorista armado ameaçou e depois atirou em direção aos ocupantes de outro carro durante uma briga de trânsito na Rodovia Castello Branco (SP-280), em Boituva, interior de São Paulo. O caso aconteceu na sexta-feira (14).
A Justiça decretou a prisão temporária do atirador, Adriano Domingues da Costa, que é considerado foragido.
No fim da tarde de sábado (15), o carro dele foi apreendido em uma pousada em Piraju e, na manhã de domingo (16), policiais estiveram na casa dele e apreenderam um cofre, uma tonfa — tipo de arma branca originária das artes marciais de Okinawa, no Japão — e o passaporte de Adriano.
Entenda o que se sabe sobre o caso a partir dos seguintes pontos:
- O que aconteceu?
- Como estão as investigações?
- Quem é o motorista que atirou?
- O que dizem os envolvidos?
O que aconteceu?
Um motorista armado ameaçou e depois atirou em direção aos ocupantes de outro carro durante uma briga de trânsito. O caso aconteceu na Rodovia Castello Branco, em Boituva.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que Adriano Domingues da Costa dá três disparos: um na direção da passageira e dois no pneu do veículo.
Antes da ameaça e dos tiros, é possível ver o motorista de uma caminhonete modelo Hilux sendo “fechado” por um veículo Tracker na altura do quilômetro 110 da rodovia, por volta das 14h. Os dois veículos encostam.
Em seguida, a passageira do primeiro carro diz para as crianças, que seriam filhas dela e do motorista, ficarem no veículo: “Fica aí, crianças. Não deixa descer as crianças”. O homem e a mulher descem e caminham em direção ao outro veículo.
Armado, o homem pede para a passageira abaixar o vidro do outro carro. Durante o ocorrido, é possível notar que a vítima está ao telefone com a Polícia Militar e é orientada a não abrir a janela do carro.
Como não é atendido, o homem dá um tiro em um dos pneus do veículo e, depois, dispara em direção à passageira. A bala acerta apenas o vidro da frente do carro e ninguém fica ferido. A seguir, o suspeito atira novamente contra o pneu do veículo.
Em outro momento, o suspeito aparece dando coronhadas com a arma na janela da passageira e questionando: “o que você quer, filho da p? Tá feliz, seu filho da p?”. Por fim, ele e a mulher voltam para o veículo.
A vítima chega a questionar se a outra mulher é policial e, quando ela diz que sim, pergunta se o suspeito estaria com a arma dela, mas não recebe resposta. No entanto, não há confirmação oficial sobre a mulher que aparece no vídeo ser policial.
A Polícia Civil registrou um boletim de ocorrência por tentativa de homicídio por motivo fútil.
Como estão as investigações?
A Justiça decretou a prisão temporária do motorista, que é considerado foragido.
No sábado (15), a Polícia Civil apreendeu o veículo do suspeito em uma pousada em Piraju (SP), que fica a cerca de 215 quilômetros de distância de Boituva.
Segundo a Polícia Civil, o suspeito conseguiu fugir antes da chegada da equipe. A esposa dele ainda estava no local e não foi detida porque não há pedido de prisão expedido no nome dela. Ela será ouvida no decorrer da investigação.
Já no domingo (16), na casa dele, que fica na cidade de Mariporã (SP), os policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão. Foram apreendidos um cofre, uma tonfa — tipo de arma branca originária das artes marciais de Okinawa — e o passaporte de Adriano.
Imagens de câmeras de segurança registraram a ação da polícia no imóvel. No vídeo, é possível ver que os policiais pulam o muro e vasculham os cômodos da casa. Adriano não foi localizado.
Os investigadores continuam fazendo buscas por Adriano Domingues da Costa. Quem tiver informações sobre o paradeiro do suspeito pode entrar em contato pelo telefone 181 do Disque Denúncia.
Quem é o atirador?
Adriano Domingues da Costa é empresário e sócio de uma empresa de locação de equipamentos para eventos, que fica no Jardim Pereira Leite, em São Paulo (SP).
A empresa foi fundada em 2009 e, segundo o registro na Receita Federal, a principal atividade é a criação e a produção de campanhas de publicidade.
No entanto, nas redes sociais, a empresa é apresentada como uma empresa de locação de móveis.
De acordo com a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), o capital social da empresa é de R$ 120 mil.
As redes sociais da empresa e os perfis pessoais de Adriano foram desativados.
O que dizem os envolvidos?
A advogada Nayara Souza informou que o casal Gabrielle Gimenez e William Isodoro seguia para Boituva quando teve o carro atingido na lateral pelo veículo do suspeito. O casal teria tentado contato com o outro veículo (o de Adriano) para checar os danos da batida, mas ele teria resistido e iniciado uma discussão.
Foram duas paradas, segundo a advogada. Na primeira, ainda no acostamento da rodovia, o homem desceu armado e deu uma coronhada no vidro do passageiro. Na segunda parada, um pouco mais à frente, o motorista desceu novamente com a arma em punho e atirou contra o carro.
Segundo a advogada do casal que teve o carro alvejado, foram cinco disparos ao todo. A advogada afirmou que tomará as medidas cabíveis nas esferas cível e criminal, e diz esperar que o atirador seja preso e que a arma utilizada por ele seja apreendida.
Já Adriano Domingues da Costa disse que o motorista do outro carro atingiu a traseira da caminhonete dele e, durante 40 minutos, teria seguido o veículo, ameaçando a família dele.
O homem disse, ainda, que estava com a esposa e os filhos no carro e que a família havia ido para o interior para comemorar o aniversário de casamento do casal.
Em um pronunciamento, o advogado de Adriano, Luiz Carlos Tucho de Souza, criticou a ação da polícia durante o cumprimento do mandado neste domingo (16). Ele alega que ainda não teve acesso aos documentos do processo e que seu cliente não está em São Paulo.
“Não havia a menor necessidade de se invadir uma casa desse jeito. Deviam ter tocado a campainha. Haviam pessoas na casa naquele momento, inclusive duas crianças. Arrebentaram o portão, estouraram a porta da frente”, alega.
“O que temos até o momento é um porte ilegal e disparo de arma de fogo. A tentativa de homicídio está em uma condição de crime impossível, por conta da blindagem do veículo”, completa.
Luiz Carlos também afirma que Adriano será apresentado na delegacia nos próximos dias.