O líder tupi-guarani Antonísio Lulu, o Cacique Darã, morreu aos 57 anos na manhã de quarta-feira (18), em sua própria aldeia Tekoa Porâ, em Itaporanga. O corpo dele foi encontrado em seu carro, na aldeia, e não apresentava marcas de violência. Ele foi enterrado hoje (19) de manhã.
Segundo a Polícia Civil, Darã e a esposa foram visitar amigos de carro e, após voltar para a aldeia, o cacique decidiu ficar um pouco mais no veículo para descansar. A esposa o encontrou morto no carro.
A causa da morte não foi divulgada. Não foram encontradas marcas de violência no corpo.
A Funai lamentou a morte e disse que “Darã foi um ativista incansável, dedicando sua vida à luta pelos direitos dos povos indígenas”.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifestou pesar pela morte precoce e solidarizou com “os amigos, familiares, companheiros e companheiras de luta de Darã”.
De Avaí para Itaporanga
O cacique Darã era de origem tupi-guarani e nasceu na aldeia Nimuendaju, na Terra Indígena (TI) Araribá, em Avaí (SP).
Ele era conhecido como uma das lideranças tupi-guarani do estado de São Paulo. Desde muito jovem, o líder participou de lutas e mobilizações em defesa dos direitos dos povos originários do Brasil.
Darã também atuou na luta por direitos territoriais e na área de saúde, tendo participado das mobilizações e debates que resultaram na criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
Também foi um dos fundadores da Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin-Sudeste), organização de base da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
O cacique contribuiu com a reconquista de territórios Guarani na região sudoeste do estado de São Paulo, de onde os Guarani foram expulsos no início do século XX.
Nos anos de 2005 e 2006, participou ativamente da luta pela retomada das TIs Tekoha Pyahu e Barão de Antonina, no município de mesmo nome, e da TI Tekoá Porã, no município de Itaporanga (SP), da qual tornou-se liderança.
Em 2021, Darã teve papel fundamental na jornada de lutas que resultou no Levante pela Terra, grande mobilização que reuniu indígenas de todo o país na capital federal.
‘Solo Sagrado’
Em 2006, Darã seguiu uma jornada em busca de seu território ancestral, foi assim que surgiu o processo de retomada na região de Itaporanga, no interior de São Paulo. O cacique fundou Aldeia Tekoa Porã (Solo Sagrado em Tupi) na região.
A aldeia é formada por indígenas de origem tupi-guarani e conta com 13 famílias, somando 43 índios que eram comandados pelo Cacique Darã.
Atualmente, o local é aberto a visitação de turistas a fim de conhecer um pouco mais da cultura e vivência dos indígenas.