Na crise da covid-19, em que várias mensagens falsas ainda são constantemente divulgadas por mídias digitais, materiais educativos são aliados para quem busca acessar bons conteúdos em saúde ou compreender conceitos básicos para avaliar informações nessa área. Para ajudar nesse trabalho, estudantes do curso de Educomunicação da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP produziram um guia voltado aos profissionais de saúde como apoio para o combate à desinformação.
Realizado em parceria com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo, o Guia virtual para lidar com a desinformação sobre saúde apresenta dados, fatos, sites e dicas para checagem de conteúdos, além de preconizar a necessidade da mudança de postura e tomada de responsabilidade no compartilhamento de mensagens antes de serem verificadas.
A publicação aborda temas como a importância da evidência científica, o que deve ser considerado ao avaliar conteúdos recebidos e como o agente de saúde pode auxiliar no combate à desinformação. No final, há uma área dedicada a sites e aplicativos de organismos nacionais e internacionais sobre saúde, além de endereços na internet e redes sociais que publicam informações confiáveis.
Problemática contemporânea
Uma das maiores pesquisas sobre a disseminação de notícias falsas na internet, realizada em 2018 por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), concluiu que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito mais gente. E isso representa um risco enorme para a população quando o tema é saúde.
De acordo com levantamento recente feito pela rede de mobilização social Avaaz, 84% das informações médicas falsas veiculadas no Facebook circularam livremente pela rede. Dessa forma, bilhões de perfis foram afetados com notícias potencialmente perigosas. Esse estudo apontou que da identificação de 174 fake news em saúde, até o período que circularam nas redes sociais, foram 3,8 bilhões de visualizações no Facebook em 2019. Nesse universo de desinformações, muitas “curas” e “remédios” falsos ou inexistentes.
Segundo o Relatório de Notícias Digitais 2020 do Instituto Reuters, considerado o mais importante estudo mundial sobre jornalismo e novas tecnologias, o Facebook e o WhatsApp são as principais plataformas de difusão de conteúdos falsos. No Brasil, o estudo aponta que o aplicativo de mensagens é o meio que mais difunde informações falsas, seguido do Facebook. Há ainda uma grande influência de movimentos antivacinas que se mobilizam para desestimular a vacinação contra doenças evitáveis, como o sarampo e a poliomielite. A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu esses movimentos em uma lista de 10 maiores riscos à saúde.
O Guia virtual para lidar com a desinformação sobre saúde foi elaborado na disciplina de Tecnologias da Comunicação na Sociedade Contemporânea, com orientação da professora Daniela Osvald Ramos. Os responsáveis pelos textos foram Aline Secone, Camilla Gebara e Lucas Abraão Mosna, além de Patrícia Jatobá, também responsável pelo design e diagramação. A publicação está disponível gratuitamente neste link.
Texto adaptado de Patrícia Jatobá, em Base Educom