Uma superprodução de goiabas nos meses de fevereiro e março deste ano tem feito os produtores de Carlópolis, no norte pioneiro do Paraná, enviarem até 5 toneladas da fruta para o mercado externo toda semana. Até o ano passado, o grupo de fruticultores da Cooperativa Agroindustrial de Carlópolis (COAC), que possui o selo internacional Global G.A.P., enviava de 1 a 2 toneladas de goiaba por semana para fora do Brasil. Agora, em média, tem saído dos pomares até 5 toneladas, semanalmente. O principal destino é Londres, na Inglaterra, mas uma parte também vai para Portugal, Canadá e países do Oriente Médio.
A produtora de goiaba certificada e gerente de vendas da COAC, Inês Yumiko Sato Sasaki, explica que a superprodução de goiabas nos meses de fevereiro e março é resultado da geada que atingiu a região no ano passado. “Todos fizeram podas forçadas na mesma época, em agosto, então, com o volume de frutas que estamos colhendo agora temos condições de atender mais pedidos que chegam de fora”, conta.
Segundo Inês, os prejuízos causados pela geada de 2021, que levou à perda de muita goiaba, ainda serão sentidos, com algumas falhas na produção ao longo deste ano. “Daqui pra frente vamos acertar a poda por etapa para escalonar a colheita o ano todo. Em 2023, devemos ter uma escala mais programada”, explica. Neste período de alta produção, cerca de 60 toneladas de goiaba são comercializadas no mercado interno semanalmente, além das exportações. O número deve cair para pouco menos da metade no inverno.
Na avaliação da secretária municipal de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente de Carlópolis, Francislane Ribeiro da Luz Bohrz, a conquista da Indicação Geográfica (IG) da goiaba pelos produtores resultou em muita visibilidade para a goiaba produzida no município, que ficou reconhecida nacional e internacionalmente como um produto de excelente qualidade e passou a atrair olhares de compradores estrangeiros, especialmente europeus. A partir daí, surgiu a demanda pela certificação internacional Global G.A.P. “O selo abriu portas no mercado e facilitou o acesso ao mercado europeu, principalmente”, lembra.
Francislaine lembra que as certificações, que reconhecem as características únicas da região, assim como sanidade, rastreamento e boas práticas de produção, além de abrir portas para o mercado externo também atraíram compradores dentro do Brasil, que são mais exigentes e pagam mais pelo produto diferenciado.
“As exportações garantem a estabilidade nos preços ao longo do ano, especialmente, em períodos de altas safras quando no mercado interno os valores caem”, aponta.
A secretária destaca a importância da parceria com o Sebrae Paraná para oferecer as capacitações necessárias aos produtores para a conquista das certificações, visando a ampliação de mercado. Ela acrescenta que o município também tem um termo de cooperação técnica com o IDR-PR, que oferece extensão rural com técnicos especialistas em goiaba. Já por meio do programa Coopera Paraná, os produtores podem ter acesso a equipamentos e tecnologias para melhorar a estrutura da associação e cooperativa, como climatizadores, veículos, câmara fria e softwares.
A participação em eventos e grandes feiras nacionais e internacionais, com apoio da Prefeitura e Sebrae Paraná, também trouxeram retorno significativo para os produtores de goiaba de Carlópolis. Hoje, os fruticultores do norte pioneiro se tornaram referência e são convidados a levar informações e trocar experiências com produtores de outros centros. “Temos recebido a visita de pesquisadores, técnicos, produtores e turistas que se interessam pela história da produção da goiaba de Carlópolis. Isso movimenta a nossa economia e ainda fideliza o turista a consumir o nosso produto”, comemora Francislaine.
O consultor do Sebrae Paraná, Odemir Capello, lembra que o projeto foi pensado para agregar valor nas pequenas propriedades, com foco principal na abertura de oportunidades no mercado europeu, por isso a importância da certificação internacional.
“É um trabalho de anos que temos feito para gerar desenvolvimento regional posicionando o norte pioneiro do Paraná como referência em produtos diferenciados no agronegócio”, lembra.
Os cafés especiais, os primeiros a conquistarem o selo de IG na região, também já são exportados de forma direta pela cooperativa dos cafeicultores. Os excelentes resultados, segundo Capello, abrem possibilidades para outros produtos da região.