A flexibilização automática de até 10 hectares para produção e criação na área da pesca irá ajudar pequenos produtores que antes tinham muitas dificuldades em conseguir a documentação necessária. O secretário de aquicultura e pesca do Governo Federal, Jorge Seif Junior destacou essa desburocratização no Paraná.
“Uma excelente iniciativa, porque a maioria dos nossos produtores estão em dois, três ou quatro hectares, então trouxe para dentro milhares de produtores. 90% da nossa produção de aquicultura são pequenos produtores, agricultores familiares, pescadores artesanais, então trouxe muita gente para dentro”, detalhou.
Seif ainda destacou que o Paraná deverá ser usado como modelo para outros estados nessa flexibilização do licenciamento ambiental. “Que os outros estados se inspirem nesses dois estados (Paraná e Rondônia) que são exemplos de sucesso. Por que o Paraná hoje é o maior produtor de pescados do Brasil? Licenciamento ambiental rápido, financiamento do governo do estado, financiamento do Governo Federal… Você começa a fomentar a atividade e isso vira uma fonte de empregos, uma fonte de alimentos incrível”, frisou.
O produtor de Itambaracá, Miguel Capello Romero, recentemente conseguiu a regularização de uma das unidades de produção de peixes após quase 12 anos de espera pelo licenciamento. Ele conta que foi apaixonado por peixes desde pequeno e que sua relação com a produção começou cerca de 30 anos atrás.
Segundo ele, um novo funcionário da Emater chegou em Itambaracá e incentivou a prática de piscicultura e criação de tilápias. “Tínhamos um sítio com duas nascentes boas e um lugar bom. Não pensei duas vezes e começamos a criar para comer e ainda vender. Foi dando certo, aprendendo, arrumando clientes e fomos aumentando a produção onde chegamos a quatro tanques escavados, mas haviam muitas dificuldades com ladrões, jacarés, lontras, passarinhos, enchentes, seca, etc”, contou.
Tempos depois, outro produtor amigo de Miguel estava em uma propriedade na beira do rio Paranapanema e comentou com o dono sobre a piscicultura com tanque rede, pois não haveria problemas de seca, enchente, etc. “O proprietário falou que não tinha tempo e não entendia, mas a conversa fluiu e fui chamado também para participar e deu certo. Até hoje somos vários envolvidos no projeto, pois fica caro, mas juntando o bolso de cada um e montamos a piscicultura Angola”, descreveu.
A demanda cresceu e a iniciativa aumentou com mais duas filiais. De acordo com Miguel, são mais de 30 funcionários, todos registrados e o consumo de peixe teve aumento por ser uma alimentação saudável. “Ano passado produzimos mais de 1 milhão e 850 mil quilos. Este ano não fechamos, mas esperamos passar dos 2 milhões de quilos. É muito prazeroso, gosto muito, mas é muito trabalhoso. Sou ligado 24 horas”, disse.
“Este ano sofremos bastante com o preço de soja e milho que usamos na ração. A ração dobrou de um ano para cá e não conseguimos passar no peixe e estamos praticamente sem margem de lucro, mas o consumo está bem e não queremos perder. Se repassar todo esse aumento vamos perder os clientes. Sofremos também com energia e combustível, mas esperamos a melhora. Não é uma mistura barata, mas estamos confiantes que irá melhorar. Esperamos crescer ainda mais e com isto gerar mais impostos e empregos. Começamos com 1 funcionário e hoje são mais de 30”, enfatizou.
A esperança é que, com a flexibilização automática até 10 hectares do governo estadual para produção e criação na área da pesca, aumente o número de produtores no Norte Pioneiro, que conta com áreas excelentes para a prática em vários municípios.
“Esperamos que com a desburocratização mais produtores possam surgir e regularizar os já existentes e com isto gerar mais emprego e renda”, destacou o presidente da Atunorpi (Associação Turística do Norte Pioneiro do Paraná), Welington Trautwein Bergamaschi.