Após ser resgatada em situação análoga à escravidão em uma fazenda produtora de leite em Buri, a família de Marcelo Tay finalmente voltou para a cidade de origem e reencontrou os parentes. O retorno a Piraju ocorreu na noite de sexta-feira (17), dois dias depois da Polícia Civil receber denúncias das condições de trabalho na propriedade. As informações são do G1.
As vítimas, incluindo os três filhos do ordenhador de vacas, foram atraídas com a promessa de salário e habitação. A dona da fazenda havia afirmado ainda que pagaria as despesas da mudança, mas passou a cobrá-los.
“Estou aliviado de saber que aquele pesadelo acabou. Estava me sentindo um lixo de ter colocado os meus filhos naquela situação, mas sei que usaram da nossa vontade de ter uma condição de vida melhor para nos explorar”, afirmou Marcelo, que já está à procura de outras oportunidades de emprego.
De acordo com a família, a precariedade do trabalho começou logo durante a mudança, quando foi obrigada a fazer uma viagem de quase três horas dentro de um caminhão baú, sem nenhum tipo de segurança. Porém, ao chegar à fazenda, se deparou com uma situação ainda pior.
As vítimas foram mantidas dentro de uma casa afastada da cidade. Por lá, não havia móveis e eletrodomésticos. Apenas colchões, uma televisão e um fogão a lenha. A proprietária ainda os teria impedido de deixar a propriedade.
“Ela chegou com uma caixinha de compras e me cobrou R$ 500. Tinha arroz, óleo, feijão e produtos de higiene. Pedi a notinha, mas ela disse que perdeu. A ficha só caiu quando ela maltratou o meu cunhado”, relatou Marcelo, que trabalha há mais de 10 anos como ordenhador de vacas.
Foi com a ajuda da sogra de Marcelo, que conseguiu se comunicar com a família por meio de um aplicativo de mensagens, que o caso foi denunciado à polícia. A operação foi deflagrada na quarta-feira (15).
Equipes policiais periciaram o local e levaram as vítimas até o Fundo Social da cidade, onde elas foram abrigadas. A dona da fazenda foi intimada a prestar depoimento e a ocorrência foi apresentada à Justiça Federal. O local já foi autuado por trabalho infantil, segundo o Ministério do Trabalho (MTE).