A pesquisa vem sendo feita desde 2015 em Águas de Santa Bárbara. (Foto: Divulgação)
A pesquisa vem sendo feita desde 2015 em Águas de Santa Bárbara. (Foto: Divulgação)


Um estudo pioneiro no país e no exterior, conduzido pelo Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), quantifica o estoque de carbono subterrâneo em diferentes tipos de vegetação e práticas de manejo no Cerrado. Além de pesquisadores do IPA, o projeto conta com a participação de cientistas do Brasil, dos Estados Unidos e da China.

Intitulado “Efeitos do fogo e de sua supressão sobre a estrutura, o estoque de carbono, a composição e a biodiversidade da comunidade vegetal no gradiente fisionômico do Cerrado”, o projeto é mais uma etapa de estudos realizados em unidades de conservação estaduais há décadas.

Desde 1987, em Assis, é feito o monitoramento das perdas de biodiversidade e comprometimento dos serviços ambientais devido à supressão total do fogo por mais de 50 anos no Cerrado, que é um bioma adaptado e dependente do fogo para sua conservação.

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Em Águas de Santa Bárbara, na região sudoeste de SP, onde há queimas experimentais controladas, a pesquisa vem sendo feita, desde 2015, para definir as melhores práticas de manejo do fogo no Cerrado. O pioneirismo da pesquisa de quantificação de carbono reside na forma como o estudo é conduzido, que utiliza equipamentos inovadores como um radar que detecta raízes grandes e profundas.

Em conjunto, as pesquisas realizadas nas duas unidades têm comprovado que, sem fogo, o Cerrado perde diversidade de plantas e animais e tem a recarga hídrica reduzida. Além disso, com base nos primeiros dados do novo projeto em andamento, é diminuída a proporção de carbono nas raízes e no solo. Essas áreas não queimadas também perdem as espécies com maior proporção de raízes em relação à sua parte aérea. Os pesquisadores trabalham para medir essa diferença, quantificando o carbono a partir de amostras de solo e raízes coletadas em diferentes profundidades.

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“É importante destacar a singularidade da abordagem multidisciplinar das pesquisas realizadas nas últimas décadas, que agora dão um passo adiante com a quantificação do carbono nas raízes e no solo. É um experimento único no Brasil e no mundo”, afirma a pesquisadora do IPA e coordenadora do estudo, Giselda Durigan, ao acrescentar que os estudos anteriores incluíram flora, fauna, propriedades dos solos e hidrologia.

Histórico da pesquisa

Os trabalhos desta etapa de quantificação do carbono abaixo da superfície do solo foram iniciados em junho e irão até meados de agosto. Em 2024, nova expedição será realizada para dar continuidade à amostragem, que precisa acontecer durante a estação seca. As conclusões virão apenas depois dessa fase, quando será possível demonstrar a quantidade de carbono estocado pelos diferentes tipos de vegetação do Cerrado paulista, desde um campo aberto até o cerradão.

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O cerrado abrange 13 estados, em uma área de 200 milhões de hectares. Deste total, 211 mil hectares estão no Estado de São Paulo, o que corresponde a savana mais rica em diversidade do mundo e o segundo maior bioma do país, superado apenas pela Floresta Amazônica.

Sobre o IPA

O Instituto de Pesquisas Ambientais do Estado de São Paulo (IPA) conduz pesquisas científicas que orientam as diretrizes para a elaboração de políticas públicas nas áreas prioritárias de restauração ecológica, bioeconomia e uso sustentável dos recursos naturais.

Seus experimentos representam mais de 50 anos de pesquisa em melhoramento genético, restauração de ecossistemas, manejo sustentável e conservação da biodiversidade. Os profissionais e pesquisadores (botânicos, geólogos e florestais) buscam integrar as pesquisas ambientais e estruturar a gestão do patrimônio científico no Estado de SP.