Parte das apreensões feitas pela Polícia Civil na Operação Cama de Gato. (Foto: Divulgação)
Parte das apreensões feitas pela Polícia Civil na Operação Cama de Gato. (Foto: Divulgação)


A Operação Cama de Gato prendeu 16 pessoas e desmantelou uma complexa organização criminosa que usava veículos oficiais da Polícia Civil do Estado de São Paulo e informações de traficantes para “apreender” drogas e revendê-las a outros criminosos. O grupo também negociava armamento pesado para assaltos e contava com a ajuda de um piloto de aeronave vinculado ao contrabando internacional e ao garimpo. As informações são do site JCNET.com.br.

Quatro dos presos eram policiais civis. Dois foram presos em Piraju, um em Avaré e um em São Paulo.

Um dos presos em Piraju quebrou o próprio celular no momento da prisão. Na mesma cidade, um dos agentes também era vereador. A polícia ainda prendeu uma mulher em uma casa de prostituição que era usada pelo grupo em Carlópolis (PR).

PUBLICIDADE

Como funcionava

De acordo com a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), em conjunto com a Polícia Civil do Paraná, o esquema era sofisticado.

As investigações começaram em Carlópolis, em 2023, quando os agentes identificaram um grupo criminoso que atuava no tráfico de drogas e outros crimes.

PUBLICIDADE

De acordo com Pedro Caprio, policial civil do Paraná que investiga o caso, os traficantes entraram no radar por conta de uma tentativa de homicídio durante um evento na cidade. Depois, foi identificada a atuação interestadual do grupo.

Eles adquiriam drogas em grandes quantidades e se comunicavam com outros criminosos para adquirir armas de fogo. A investigação também identificou fornecedores de armas. A polícia encontrou, num aparelho de celular apreendido, a negociação de uma metralhadora .30 por R$120 mil e fuzis no valor de R$ 25 mil.

PUBLICIDADE

Segundo Nelson Aparecido Febraio, promotor do Gaeco, os policiais civis envolvidos no esquema criminoso agiam de maneira articulada com traficantes locais. Eles identificavam esses criminosos e, em conjunto com eles, planejavam a chegada de grandes carregamentos de drogas.

A atuação dos policiais incluía a simulação de apreensões, em que os próprios traficantes envolvidos colaboravam na encenação. Durante essas operações falsas, os policiais deixavam os envolvidos fugirem do local sem serem presos e desviavam os entorpecentes, que nunca eram apresentados na delegacia.

As substâncias apreendidas eram armazenadas pelos próprios policiais e posteriormente revendidas a terceiros. Esse esquema também contava com o uso de veículos oficiais da polícia.

À direita, vereador Paulinho Policial recebe homenagem da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em 2023. (Foto: Divulgação)
À direita, vereador Policial Paulinho (PL), preso após operação policial na região, recebe homenagem da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em 2023. (Foto: Divulgação)

Ainda segundo o Gaeco, o piloto era responsável pelo recebimento de valores e lavagem de dinheiro do esquema que envolvia criminosos do Rio de Janeiro. A investigação também aponta que são dezenas de pessoas envolvidas nos crimes.

A ação teve o apoio da Corregedoria da Polícia Civil e da Polícia Militar, com 12 mandados de prisão preventiva cumpridos, além de 24 de busca e apreensão. Munições de fuzil (em Chavantes), pistola, rifle, carros de luxo e R$ 105 mil em espécie estão entre os bens apreendidos. As investigações, que já duram mais de 10 meses, seguem em andamento.

“A Corregedoria da Polícia Civil acompanhou uma operação do Gaeco em parceria com a Polícia Militar, realizada nesta sexta-feira (20). Na ação, quatro policiais civis foram presos. A Polícia Civil instaurou procedimento administrativo contra os policiais envolvidos, que podem chegar a perder o cargo na instituição ao fim das apurações”, afirmou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo em nota enviada ao JC.