Imagem divulgada pela PM-SP no Twitter. (Foto: Reprodução/Twitter)
Imagem divulgada pela PM-SP no Twitter. (Foto: Reprodução/Twitter)


Uma publicação a respeito da cidade de Taquarituba, divulgada neste final de semana na rede social Twitter, chamou a atenção de milhares de internautas sem nenhuma relação com a cidade de 23 mil habitantes e virou motivo de piada da internet, causando efeito contrário do qual se espera da comunicação institucional.

No texto, o perfil oficial da Polícia Militar de São Paulo informava sobre uma apreensão realizada no município taquaritubense na última quarta-feira (13). De acordo com a PM, quatro indivíduos foram abordados, após tentarem fugir ao perceberem a presença da viatura.

Foram apreendidos com um deles R$ 179 em espécie e uma pequena porção de maconha, claramente destinada ao consumo próprio. “São R$ 179 e uma merreca de maconha. Isso não é traficante, isso é usuário. Traficante é quem trafica 39 kg de cocaína no avião da FAB”, disse um internauta ao comentar a publicação, mencionando o episódio do sargento Manoel Silva Rodrigues, preso em 2019 na Espanha com cerca de 40 kg da droga.

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O questionamento a respeito do fato de os PMs terem detido um grupo de jovens com uma quantia considerada pequena de maconha deu o tom das reações à publicação. Alguns se lembraram de notícias de ricos detidos traficando drogas e que não tiveram resolução, como o caso do helicóptero do ex-deputado estadual Gustavo Perrella (encontrado com quase 450 kg de pasta base de cocaína em 2013) e de Breno Fernando Solo Borges, filho de uma desembargadora do MS, preso em 2017 com mais de 100 kg de maconha e centenas de munições, e solto posteriormente.

“Isso aí vai gerar um custo de algumas dezenas de milhares de reais em trabalho de promotores e juízes para encarcerar um jovem negro e a sociedade branca poder dormir ‘em paz’”, afirmou outro perfil pessoal, em referência ao racismo por trás das apreensões por tráfico no país.

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A publicação rapidamente viralizou no Twitter, e pouco tempo depois uma enxurrada de críticas e piadas tomou conta do post polêmico. Havia, no entanto, quem defendesse a ação dos policiais. “Gente, mas eles são da PM, vocês querem que eles façam o que? Levem o cara pra casa, de carona na viatura? Eles cumprem leis, caiam matando em cima dos legisladores se for o caso”, ponderou uma internauta.

A lei brasileira não determina uma quantidade máxima de maconha para uso pessoal. Em outras palavras, a lei não é clara e não diz quantas gramas um usuário pode carregar consigo. Especialistas apontam que isso dificulta todo o processo penal e gera atitudes discriminatórias subjetivas e com base em outros fatores, como classe social, cor, etc. O policial que faz a apreensão se torna testemunha da ocorrência e o delegado pode determinar uma prisão preventiva se julgar a quantidade apreendida como condizente ao tráfico de entorpecentes.

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Até a manhã desta segunda-feira (17), a publicação da Polícia Militar paulista registrava cerca de 5 mil interações somente na rede social em que foi divulgada originalmente, apesar de ter aparecido em outras plataformas como “meme”, isto é, imagens de tom humorístico, geralmente acompanhadas de texto, amplamente divulgadas online.

Muitas críticas foram publicadas também na seção de comentários do site da corporação. Apenas no Twitter, algumas respostas chegaram a registrar números ainda mais altos, com mais de 20 mil interações. Confira abaixo as principais reações ao post da PM-SP: