De estudante introvertida, que considerou a hipótese de abandonar a escola, a aluna entusiasmada com a conquista de três bolsas de estudos internacionais. Essa é a trajetória de Isabela de Oliveira Carvalho, de 16 anos, que cursa o Ensino Médio com Habilitação em Administração na Escola Técnica Estadual (Etec) de Ferraz de Vasconcelos, município da Região Metropolitana de São Paulo.
A jovem conta sua história a partir de 2018, quando cursava o oitavo ano e sofria bullying. Após ser reprovada, transferiu-se de colégio para terminar o Ensino Fundamental e as coisas começaram a mudar. Em 2020, ela chegou à unidade do Centro Paula Souza (CPS). “Na Etec, os professores me diziam que ia ficar tudo bem, me ajudaram e incentivaram”, conta. “Me trataram não só como aluna, mas como ser humano.”
Animada, ela foi atrás de oportunidades e conquistou várias. Em maio, a jovem fez um curso de cinema, com duração de uma semana, no câmpus do Catar da Northwestern University, universidade americana. Criou um curta-metragem ao lado de outras três alunas brasileiras e uma catarense sobre como as pessoas podem se conectar sem uso da internet.
Em julho, ela fará um bootcamp pela Latin American Leadership Academy (Lala), com sede na Colômbia. Trata-se de um treinamento imersivo sobre liderança e inovação social que será realizado em formato online. Isabela conquistou uma bolsa de US$ 460 e pagou R$ 220 para participar.
Entre o final deste ano e o início de 2022, ela pretende embarcar para a cidade de Valladollid, na Espanha, onde fará uma imersão de duas semanas para aprimorar seus conhecimentos de espanhol. A jovem conta que começou a aprender o idioma aos 9 anos, assistindo à telenovela argentina Violetta. Para ir à Europa, ela criou uma vaquinha, já que a bolsa que recebeu cobre apenas o curso.
Protagonismo
Um dos professores da estudante na Etec Ferraz de Vasconcelos, Pedro Varjão Ferreira, diz que tanto os educadores quanto a coordenação se mobilizaram para apoiar Isabela. Uma das estratégias foi convidar a aluna para falar sobre suas bolsas no auditório virtual da escola e inspirar outros jovens a buscarem caminhos semelhantes. “Ela era uma menina que se julgava excluída e se tornou protagonista.” A estudante reconhece o apoio. “Sem dúvida, a Etec tem um papel enorme em tudo isso. Eles sempre me disseram: você tem potencial, tem chance de chegar lá”, diz a estudante.
Em um ambiente escolar acolhedor, após conquistar tantas coisas em tão pouco tempo, Isabela segue sonhando. A lista é grande: ser cantora, trabalhar com teatro, ter uma fundação para dar apoio a “outras Isabelas”. Pela capacidade que já demonstrou, certamente, ela vai chegar longe.